Em cada cão há uma lição
- Bake My Dog Happy

- 26 de ago.
- 5 min de leitura
Existe uma linha muito fina que separa o “viver com um cão” e o “um cão na vida”. Para aqueles que deixam o cão entrar na sua vida, existe o eterno agradecimento de um ser que vos ama primeiro que a ele próprio. É o mais próximo de viver um amor incondicional. sendo que devem sempre haver condições para se conjugar qualquer tipo de amor. Hoje, 26 de Agosto, celebra-se o Dia Mundial Cão, felizmente para mim celebro todos os dias ao cubo.

Ser pai de um cão é uma forma de amor que não precisa de palavras para ser entendida. É olhar para dentro daqueles olhos grandes e brilhantes e ver que o reflexo somos nós!
É acordar cedo para passear, faça chuva, sol ou frio. Um passeio que à parte das condições da rua significa liberdade e alegria para quem depende de nós. É comprar brinquedos, escolher a melhor alimentação que nos é possível, cuidar da saúde e, acima de tudo, oferecer presença.
Muitos discordam do título Pai, quando se trata a ter um cão na vida. Eu, que sou um piroso assumido, não só concordo como tenho T-shirts e roupas que o expressam. Afinal de contas o que é ser Pai? Ser Pai é assumir responsabilidade, dar afeto, presença e oferecer segurança. Muito sinceramente, e abrindo aqui o meu coração aos nossos leitores, sou eu muito mais Pai para as minhas "Jéssicas" do que a minha não referência humana.

Ser Pai de cão é um título que não se pede, mas que se conquista a cada gesto de cuidado. Um título que se confirma na lealdade silenciosa de quem sempre está à nossa espera. O Peso, o fardo anti-natural de sermos nós, a um dia, enterar os nossos filhos. Confessem, aqui é um "safe space", já todos chorámos a imaginar que um dia eles não estarão aqui connosco.

Cá em casa são 3, as Jéssicas: Ahri, Nymeria e Freya. Todas diferentes e todas ocupam um lugar especial e intenso no meu coração. Não existe a preferida, apenas se ama as 3, com a mesma intensidade, mas por motivos diferentes. Cada uma delas uma lição que me aproxima mais da minha melhor versão.
Cada uma chegou à minha vida de uma forma diferente. E juntas tornam a viagem de ser Pai uma experiência única e transformadora, cada cão que se cruza no nosso caminho vai trazer sempre um pacote diferente de lições.

A Ahri, o Zão Zão. Tudo aquilo que não sou. Aventureira, determinada, intensa e posso dizer que partilhamos os dois o sermos muito apressados! Temos pressa de chegar, só não sabemos onde ... mas vamos na mesma!
A Ahri foi uma filha muito desejada. Pensei e esperei muito pelo seu dia. Porém quando chegou foi TOTALMENTE ao lado daquilo que esperava. Assim que cheguei a casa, sentia-me estranho. Parecia que todo o processo de procura, e espera, tinha sido mais
satisfatório do que o grande dia.
Pouco tempo depois de chegar só conseguia chorar. E não era de alegria ... era medo ... Achei que tinha dado a passo maior que a perna, que não era capaz. A Síndrome do impostor levou o ouro com distinção.
Todas as certezas que tinha (depois de pensar muito sobre ter um cão) pareciam não ter espaço agora ... A felicidade era mais evidente no processo de a ir buscar, do que propriamente no processo de a trazer para casa. Foi uma batida de frente com o peso da responsabilidade, a lição de que para ser um bom Pai ia precisar errar pelo caminho. Com um nascimento de um Pai nasce uma culpa.

A Nymeria, O Miresco, totalmente diferente da Ahri. Uma cansada crónica, a dondoca da turma, tudo é um frente e uma canseira. O cão que julga tudo e todos sem disfarçar. A Nymeria tem uma certeza na vida: Nasceu para ser servida.
A Nymeria foi um cão que me ensinou sobre tempo, o tempo que precisámos para sair da nossa concha. O Tempo que precisamos para nos adaptar. Achei mesmo que a chegada seria mais fácil e intuitiva, mas não! Cai no erro de fazer tudo igual. Esperar que os mesmos métodos levassem a resultados iguais ...
PIOR, transformei a Nymeria no cão da Ahri, vivia na sombra da Ahri. A Nymeria não era ela própria, era o que tinha sido idealizado para ela ...
Precisou de tempo e precisou que o Pai amadurecesse. Demorei a ver o erro e a reconhecer que a Nymeria não era feliz. Queria à força que se enquadrasse na dinâmica que já havia (Eu e Ahri). Um embate que só fez com que a Nymeria fosse mais tímida e menos confiante de si. Erradamente estava a trabalhar para a moldar e não para a acolher. Falhei como Pai, pelo menos nesta fase inicial.

Quando me apercebi, e depois de fazer as pazes com a culpa. comecei o processo de querer realmente conhecer a Nymeria
Foi imperativo haver uma altura do dia em que era eu e ela, ela e eu. Fosse em passeios individuais ou brincadeiras só os dois. A Nymeria ganhou confiança em si, confiança em mim e hoje é uma mulher empoderada que sabe o seu valor!
Quando ganhou confiança em si deixou de ser aquela que dá beijinhos por frete para ser a que mais fica feliz quando me vê, a que mais me enche de beijos.
A Nymeria criou em mim a tranquilidade de deixar as coisas acontecer, deixar que sejam fluidas, verdadeiras. A certeza de que tudo corre no seu tempo. Ensinou-me também a importância de ter calma, parar e observar. O exercício de entender e agir de forma não apressada.

A Freya, a Vski, sem dúvida a mais louca, a que mais adora pessoas e a que mais asneiras faz. A Freya encontrou o caminho até nós, não foi fácil mas ela consegui afirmar-se como membro da família.
Por ser cega e surda teve uma vida atribulada e andou "aos pontapés" de família em família. Famílias que não se adaptavam à Freya e escolhiam o caminho mais fácil ... "passar a bola a outro".
Encontrei a Freya quando tinha 3 meses de idade, uma bola de pêlo cega e surda. Senti logo que a queria abraçar e trazer para junto de mim. Mas como toda a experiência Ahri e Nymeria ainda era muito recente (a Nymeria estava na família á pouco mais de 1 mês) ignorei a primeira tentativa da Freya.
Passou 1 ano e volto a dar de caras com Freya. Desta vez adulta mas de novo a mesma ladainha, á procura de família. Não preciso de dizer o que aconteceu, certo?

Uma viagem nada calma, a descontrução total daquilo que achava saber.
Uma princesa que todos os dias me ensina que o essencial é invisível aos olhos e que também não se ouve.
Alguém que me ensina que é possível dizer amo-te com o toque
Ensinou-me a relativizar e a não ser protetor em demasia. Acreditem ou não, das 3 é a mais independente.
Não sei como faz, mas ela consegue. Ela vai e faz e acontecer. A Freya é a personificação de "Quem acredita vai".

Fregueses esta é a minha História, estas são as minhas batatas. Se sentirem que este texto vos tocou de alguma forma, sintam-se á vontade de o partilhar. Só posso agradecer.
Mais que isso, quero saber das vossas Histórias! Comentem com a vossa História de Amor. Quero saber como conjugam o verbo amar, todos os dias na vossa casa.
E para aquelas que nos apoiam e tiveram a coragem de ler o texto, deixo um mimo, um pequeno gesto como agradecimento para terem mais motivos para mimar os meus sobrinhos. Usem o cupão DIADOCAO para 15% no site, válido apenas até dia 31 de Agosto.
Muito Obrigado
Um Beijo, um Abraço
Até já
Tio Tiago

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